Heróis esquecidos: um olhar sobre a luta do Japão na Segunda Guerra Mundial
A Universidade de Heidelberg apresenta uma série de palestras sobre a Segunda Guerra Mundial e o fim da guerra na região Ásia-Pacífico, liderada por Takuma Melber.

Heróis esquecidos: um olhar sobre a luta do Japão na Segunda Guerra Mundial
No último ano da Segunda Guerra Mundial, o conflito na região Ásia-Pacífico atingiu um ponto crítico. O Japão manteve-se firme contra as tropas dos EUA à medida que estas se aproximavam cada vez mais das ilhas principais. Em particular, os combates nas Ilhas Marianas, nas Filipinas, em Iwo Jima e em Okinawa resultaram num elevado número de mortos. Em maio de 1945, o Japão não estava pronto para se render, embora as perdas e a situação militar fossem cada vez mais terríveis. Neste contexto, o cientista Takuma Melber apresenta em Centro Heidelberg de Estudos Transculturais da Universidade de Heidelberg deu uma palestra sobre o fim da guerra na região Ásia-Pacífico, que também trata de temas além dos conhecidos bombardeios atômicos.
Melber, cujos interesses de pesquisa incluem o colonialismo e o imperialismo na Ásia, bem como a história da ocupação japonesa, contribui para a atual série “1945: Limiar da Época e Espaço de Experiência” com a sua palestra. Esta série foi criada pelo historiador Prof. Manfred Berg projeta e tem como objetivo trazer questões de pesquisa socialmente relevantes ao público em vários formatos. Mais cinco palestras da série acontecerão às segundas-feiras, no auditório da Universidade Velha, às 18h15, e o conteúdo gravado estará disponível posteriormente heiONLINE disponível.
Os bombardeios atômicos e suas consequências
As bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto de 1945 representaram um ponto de viragem na história. Hiroshima foi atacada com a bomba chamada “Little Boy”, enquanto a “Fat Man” foi lançada sobre Nagasaki. Estas decisões foram tomadas no contexto de um intenso conflito militar e visavam forçar o Japão a render-se incondicionalmente e a terminar a guerra mais rapidamente. O presidente Harry S. Truman autorizou o uso da bomba atômica sob o pretexto de evitar novas perdas americanas enquanto a guerra continuava no Pacífico. A destruição imediata resultou em cerca de 140 mil mortes em Hiroshima e cerca de 70 mil em Nagasaki, com muitas outras vítimas sofrendo a longo prazo de doenças congênitas relacionadas à radiação.
A utilização destas armas nucleares tem profundos impactos na saúde, sociais e ambientais dos sobreviventes, conhecidos como “hibakusha”. Em Hiroshima e Nagasaki, as pessoas ainda vivem com as consequências destes ataques até hoje. Surgiram debates éticos globais sobre a utilização de armas nucleares, que foram moldados sobretudo pelas experiências dos sobreviventes. Em 2016, Barack Obama tornou-se o primeiro presidente dos EUA a pisar solo japonês para a comemoração de Hiroshima sem pedir desculpa pela utilização da bomba, reacendendo as discussões em curso sobre a justificação desses ataques.
O caminho para se render
Apesar da destruição devastadora causada pelos bombardeamentos atómicos, o Japão não desistiu imediatamente. Somente em 15 de agosto de 1945 o imperador Hirohito anunciou a rendição. Em última análise, a rendição incondicional foi formalmente assinada em 2 de Setembro de 1945. Estes acontecimentos marcaram não só o fim da Segunda Guerra Mundial, mas também o início da corrida às armas nucleares que moldaria decisivamente a paisagem geopolítica do século XX. O Japão comprometeu-se, na sua constituição de 1946, a nunca mais travar uma guerra e a rejeitar as armas nucleares, enquanto os debates sobre a necessidade desses princípios estão a ser reacendidos no meio de tensões crescentes, como com a Coreia do Norte.
A palestra de Takuma Melber, que trata de vários aspectos do fim da guerra e das suas consequências de longo alcance, ajuda a lançar luz sobre a complexidade destes acontecimentos e o seu significado para a sociedade actual.